Lotus 62 - 25 anos em Portugal

Em 1969 a Lotus Components produziu dois exemplares de um chassis a que atribuiu a designação de modelo 62, concebidos por Martin Waide para serem conduzidos por John Miles e Brian Muir. Equipados com motores derivados do bloco Vauxhall 2.0, os Lotus 62 cedo viriam a revelar-se relativamente pouco competitivos e com sérios problemas de aerodinâmica.
 Em 1970, o Team Lotus publicou numa revista da especialidade um anúncio de venda para ambos os carros, tendo um deles (62-02) vindo para Portugal para ser conduzido por Ernesto Neves, que com ele conquistou uma impressionante série de vitórias.
Em 1973, Ernesto Neves e o  Lotus 62 vencem o circuito de Moçâmedes, acabando o carro por ficar em Angola depois de vendido a um piloto local. Mais tarde, depois de ter sofrido um violento acidente, o Lotus volta para Lisboa e acaba por ser comprado por Américo Costa, um dos mais activos e eficientes mecânicos das oficinas de Palma e Morgado, que o recupera quase completamente (o motor ficou com  problemas de ignição). De seguida volta para a posse de "Nené", que o mantém até 1995, altura em que coloca no boletim do Clube Lotus e na revista Autosport um anúncio para a sua venda. Um coleccionador japonês fechou o negócio e presume-se que o Lotus 62 continue ainda hoje a disputar provas no Japão.
Veja-o aqui num vídeo realizado no circuito de Fuji, em 2010
http://youtu.be/_SiBZv0pTXI





 Em 1969, com John Miles ao volante. Note-se a profusão de apêndices aerodinâmicos destinados a impedir que o carro "levantasse voo".

Para Venda

 Anúncio colocado por Palma & Morgado para venda do Morris Cooper S "Broadspeed" ex-Ernesto Neves.
A relação deste com a empresa de Manuel Palma tinha começado pouco tempo antes, quando  "Nené" decidiu substituir o seu já pouco competitivo Porsche 356 por um bem mais rápido e moderno Lotus Elan, com o qual disputou algumas provas no início da época de 1967, alternando com o Cooper S.  Porém para poder ter hipóteses de conquistar o Campeonato Nacional de "Turismo" desse ano, Ernesto Neves entregou o Morris a Manuel Palma e em troca recebeu o Ford Cortina Lotus ex-Jim Clark que tinha vindo a competir em Portugal, sem grande sucesso, pelas mãos de Augusto Palma. O resultado viu-se. Logo na primeira corrida, Montes Claros 1967, Ernesto Neves sagra-se vencedor e começa a sua caminhada para a conquista do título de Campeão Nacional. Estava prestes a começar uma parceria de grande sucesso com a marca de Colin Chapman.
PS - Gostaria de saber quem foi o feliz comprador do Mini. Alguém tem uma ideia?

Agradeço ao J. Mota Freitas este invulgar documento.

Montes Claros, 1967. Primeira corrida - e primeira vitória - com o Ford Cortina ex-Team Lotus.



Conversas na Grelha

A imagem é relativa ao circuito de Montes Claros de 1969 e nela podem ver-se Carlos Santos, Filipe Nogueira e "Nené" Neves em amena "cavaqueira" pouco antes da partida. O jovem que ouve atentamente a conversa é José Filipe Nogueira, filho do veterano campeão. A corrida viria a ser ganha por Carlos Santos, em Porsche 906, mas o carro mais rápido em pista seria o modelo idêntico tripulado por Joaquim Filipe Nogueira, que acabou por abandonar já perto do final com o cabo da bateria partido, quando seguia em primeiro lugar. 
Ernesto Neves conduzia o cansado Lotus 47 do Team Palma, o último carro do tipo que ainda continuava em Portugal (os outros já tinham "emigrado") e que nada podia fazer contra os dois bem mais potentes Porsche 906.

Team Palma 1970

A época de 1970 representou o apogeu do Team Palma na competição automóvel em Portugal. Na imagem podem ver-se, da esquerda para a direita: Augusto e Manuel Palma, responsáveis pela equipa, e os pilotos Ernesto Neves, Miguel Rau, Luis Fernandes e Francisco Santos. No seio da organização "Nené" fazia o pleno, participando em todas as categorias desde o Lotus Elan de ralis ao Escort Twin Cam de "Turismo", passando pelo Fórmula V e pelo Lotus 47 de Sport/GT. Nesse mesmo ano seria introduzida a Fórmula Ford no nosso país, tendo o Team Palma preparado oito carros para clientes e um para Ernesto Neves, que com ele viria a conquistar o campeonato respectivo, vencendo também o campeonato de Fórmula V ao volante de um dos "Palma V" produzidos nas oficinas do Team.